segunda-feira, 26 de novembro de 2012

19 maneiras de criar seu filho para o mundo

Texto retirdo da Revista CRESCER. Vale a pena!

"Mostrar às crianças a importância de respeitar o próximo, do afeto, da simplicidade, dos amigos, do cuidado com a natureza, da arte, de ser curioso e do amor são formas de ajudá-las a ser mais feliz e preparadas para a vida.

*Livre para brincar Comece desde bebê. Deixe-o se divertir sozinho também. Sem agenda, sem horários, sem referências. Ele vai aprender com os próprios erros, exercitar o autocontrole, treinar a fala e desenvolver argumentos. 

*Aprenda a criticar Nunca diga a seu filho que o segundo lugar não é bom o bastante. Você não tem que desejar e exigir que ele seja o melhor de todos. Ele pode e vai errar. Pergunte ao seu filho: “O que você faria diferente na próxima vez?”. Elogie quando ele fizer do jeito certo. 

*Ensine responsabilidade Não administre a vida do seu filho o tempo todo. Se ele esqueceu um caderno da escola em casa, por exemplo, não retorne. Ele precisa entender que tudo tem consequência. 

* Observe-se Para seu filho, você é o espelho do mundo. Preste atenção se no seu dia a dia, em casa ou até mesmo na rua, não está estimulando algum tipo de preconceito com pessoas que são diferentes da sua família. 

*De olho nos pequenos sinais Seu filho pode não estar praticando bullying, mas comentários ácidos ou observações preconceituosas podem surgir a qualquer momento. Esteja atento para que você possa conversar com ele na mesma hora. 

*Incentive pequenas gentilezas Cumprimentar o porteiro do prédio ou da escola, sorrir para o caixa do supermercado e dar passagem no trânsito são exemplos fundamentais de respeito ao próximo. 

*Experimentem Deixe que seu filho viva a experiência artística sem querer interpretar tudo para ele. 

*Dê repertório ao seu filho. Ilustrações dos livros Literatura infantil é um instrumento incrível para isso. As boas obras mostram a arte de usar bem as palavras e como elas nos emocionam. Já as ilustrações dão referências estéticas. 

* Compartilhe Tenha um diálogo aberto com o seu filho, traduzindo a realidade de maneira que possa entender de acordo com a idade dele. Se você chegou cansado do trabalho depois de um dia estressante e ele pede para brincar, conte que seu dia não foi fácil, mas que estará mais animado no dia seguinte 

* Herança de família Estimule seu filho a cuidar das roupas e brinquedos e explique o quanto é legal herdar coisas de outras pessoas. 

* Momentos únicos Chame a atenção do seu filho para um arco-íris depois da chuva. Invente jogos ou brincadeiras que são só de vocês: vale compartilhar músicas que vocês gostam, dançar no meio da cozinha ou promover contações de histórias no sofá da sala.

*Ação e reação Explique que as atitudes do seu filho têm um resultado. Se ele morder um colega, por exemplo, mostre que o outro sentiu dor e está chorando. 

* Casa cheia Se tiver filho único, convide amigos da escola, vizinhos ou primos para eu passem um tempo juntos. Os neurônios funcionam como “espelhos” e as crianças aprendem por imitação. 

*Seja inusitado para estimular a curiosidade do seu filho Sempre que puder, apresente um local diferente do que estão acostumados a frequentar. Pode ser um restaurante novo, um museu de arte moderna... 

*Deixe-o cometer erros Se você antecipa a todas as escolhas do seu filho, e não permite que ele erre, a criança não vai aprender a lidar com a frustração. E não vivemos altos e baixos a vida toda? 

*Estimule a coragem Se ele está com dificuldade em uma tarefa da escola, diga “estou orgulhoso, você está no caminho certo”, em vez de “não, não é assim, deixa que eu faço”. 

*Fique junto Sua presença é fundamental para a criança se sentir amada. A troca da fralda, a hora do banho, da lição de casa, ir de mãos dadas até a padaria são momentos especiais para ela. 
* Seja firme Na hora do limite, mantenha a sua palavra. As crianças sentem que os pais se importam ainda mais com elas quando há a persistência no cuidado. 

*Surpreenda Mostre como o amor pode ser explícito de forma simples e não por isso é menos intenso. Deixe um bilhetinho dentro da lancheira da escola. Imagine a carinha dele na hora do recreio ao ler o que escreveu?"

Muito bom, não é?

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Quarto Montessoriano


Este post é muito especial, trata do quarto Montessoriano, ou simplesmente, quarto sem berço e eu estou apaixonada pelo tema.
Para começar o método montessoriano foi criado pela italiana Maria Montessori e prima pela experiência, liberdade de aprendizagem, harmonia e inteligência. Segundo o método, o quarto deve ser agradável para o bebê de maneira a adaptar-se ao seu desenvolvimento. No berço o bebê estaria limitado para se "aventurar" tentar engatinhar, brincar, conhecer... e com o colchão no chão, assim como as prateleiras acessíveis, a criança poderia curtir e conhecer seu quarto, aprendendo através da sua experiência de descer do colchão e sentir liberdade para brincar com o que é seu, sem depender, necessariamente, dos pais para lhe tirar do berço. Let's go!



É importante ter em mente que o quarto deve refletir a personalidade do seu filho. Se ele tem um personagem preferido, este pode ser adotado nas paredes, através de pinturas, adesivos e etc... o método também revê a presença de uma cadeirinha e mesinha, tudo pensado para a criança.


Ao invés do colchão você pode simplesmente adotar uma caminha mais baixa (se o seu bebê já andar bem).


Eu penso em adotar esta ideia para o quarto do meu filho, uma cabaninha para brincar é ótimo!


De acordo com o método Montessoriano, um tapete no quarto é fundamental para o desenvolvimento do bebê, pois ele terá mais liberdade para se exercitar, rolar engatinhar, sem grandes riscos de se machucar.


Ao invés do carpete, você pode usar tatame, daí já fica para os exercícios futuros de artes marciais ; )


Você também pode mandar fazer uma caminha de madeira, porém, sem os pés.


E com bastante elementos para descobrir...


Prateleiras ao alcance do bebê.


Me apaixonei por essa luminária.


e espelhos, para que a criança possa se olhar e se conhecer...

Estou adotando o método montessoriano no quarto do meu príncipe, depois posto um antes e depois.


domingo, 18 de novembro de 2012

As separações e a crise dos oito meses


Dimitri ainda não chegou nessa fase, estamos no quarto mês. Mas lendo a página Soluções para noites sem choro do facebook, encontrei essa matéria super interessante e importante.


Quando o bebê chega aos seis-oito meses de idade, começa a operar a angústia da separação que, geralmente, continua a se manifestar de uma forma ou outra até os cinco anos. Em breve o bebê começa a sentir pânico quando não vê sua mãe. É preciso levar a sério a intensidade dos seus sentimentos. A mãe é o seu mundo, é tudo para o bebê, representa sua segurança.


Um pouco de compreensão

O bebê não está “chatinho” nem “grudento”. O sistema de angústia da separação, localizado no cérebro inferior está geneticamente programado para ser hipersensível. Nos primeiros estágios da evolução era muito perigoso que o bebê estivesse longe da sua mãe e, se não chorasse para alertar seus pais do seu paradeiro, não conseguiria sobreviver. O desenvolvimento dos lóbulos frontais inibe naturalmente esse sistema e, como adultos, aprendemos a controlá-lo com distrações cognitivas.

Se você não está, como ele sabe que você não foi embora para sempre?

Você não pode explicar que vai voltar logo, porque os centros verbais do seu cérebro ainda não funcionam. Quando ele aprender a engatinhar, deixe-o segui-la por todas as partes. Sim, até ao banheiro.

Livrar-se dele ou deixá-lo no cercadinho não só é muito cruel, também pode produzir efeitos adversos permanentes. Ele pode sentir pânico, o que significa um aumento importante e perigoso das substâncias estressantes no seu cérebro.
Isso pode resultar em uma hipersensibilização do seu sistema de medo, o que lhe afetará na sua vida adulta, causando fobias, obsessões ou comportamentos de isolamento temeroso. Pouco a pouco, ele vai sentir-se mais seguro da sua presença na casa, principalmente quando comece a falar.


A separação aflige as crianças tanto quanto a dor física

Quando o bebê sofre pela ausência dos seus pais, no seu cérebro ativam-se as mesmas zonas que quando sofre uma dor física. Ou seja, a linguagem da perda é idêntica à linguagem da dor. Não tem sentido aliviar as dores físicas, como um corte no joelho e não consolar as dores emocionais, como a angústia da separação. Mas, tristemente, é isso o que fazem muitos pais. Não conseguem aceitar que a dor emocional de seu filho é tão real como a física. Essa é uma verdade neurobiológica que todos deveríamos respeitar.


Às vezes, impulsamos nossos filhos a ser independentes antes do tempo

Nossas decisões como padres podem empurrar nossos filhos a uma separação prematura. Um exemplo seria enviá-los a um internato (1) pequenos demais. As crianças de oito anos ainda podem ser hipersensíveis à angústia da separação e ter muita dificuldade em passar longos períodos de tempo longe dos seus pais. Sua dor emocional deve ser levada a sério. O Sistema GABA do cérebro é sensível âs mais sensíveis mudanças do seu entorno, como a separação de seus pais. Estudos relacionam a separação a pouca idade com alterações desse sistema anti-ansiedade.


As separações de curto prazo são prejudiciais

Alguns estudos detectaram alterações a longo prazo do eixo HPA do cérebro infantil devido a separações curtas, quando a criança fica aos cuidados de uma pessoa desconhecida. Esse sistema de resposta ao estresse é fundamental para nossa capacidade de enfrentar bem o estresse na vida adulta. É muito vulnerável aos efeitos adversos do estresse prematuro. Os estudos com mamíferos superiores revelam que os bebês separados de suas mães deixam de chorar para entrar num estado depressivo.

Param de brincar com os amigos e ignoram os objetos do quarto. À hora de dormir há mais choro e agitação. Se a separação continuava, o estado de auto-absorção do filho se agravava e lhe conduzia à letargia e a uma depressão mais profunda.

Pesquisas realizadas nos anos setenta demonstraram que alguns bebês cuidados por pessoas desconhecidas durante vários dias entravam em um estado de luto sofriam de um trauma que continuava a afligir-lhes anos depois. Os bebês estudados estavam sob os cuidados de adultos bem intencionados ou em creches residenciais durante alguns dias. Seus pais iam visitá-los, mas basicamente, estavam em mãos de adultos que eles não conheciam.

Um menino que se viu separado de sua mãe durante onze dias deixou de comer, chorava sem parar e se jogava ao chão desesperado. Passados seis anos, ele ainda estava ressentido com sua mãe. Os pesquisadores observaram a inúmeras crianças que haviam sido separadas de seus pais durante vários dias e se encontravam em estado de ansiedade permanente. Muitos passavam horas imóveis, olhando a porta pela qual havia saído sua mãe. Aquele estudo, em grande parte gravado em filme, mudou no mundo inteiro a atitude em relação às crianças que visitam suas mães no hospital.

Mas, não é bom o estresse?

Algumas pessoas justificam sua decisão de deixar o bebê desconsolado como uma forma de “inoculação de estresse”. O que significa apresentar ao bebê situações moderadamente estressantes para que aprenda a lidar com a tensão. Aqueles que afirmam que os bebês que choram por um prolongado período de tempo só sofre um estresse moderado estão enganando a si mesmos.

[1]Nota da tradutora: no Reino Unido o sistema de internato é comum.

Tradução de um capítulo do trecho O Choro e As Separações, do livro The Science of Parenting, de Margot Sunderland.

Tradução de Bel Kock-Allaman

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Apego

Tenho ficado assustada com a quantidade de comentários, movimentos, livros e palestras que tratam a "independência infantil". Li em vários grupos de debates e blogs mamães falando com orgulho que nunca dormiram com seus filhos, evitavam lhe dar colo para que ele não se acostumasse mal e o pior de tudo, deixavam-no chorando para que aprendesse a dormir sozinho. Gente, que horror!
Já pararam para imaginar como deve ser traumático para um bebê que saiu da barriga da mamãe, um lugar escurinho, quentinho e seguro, e vai parar em um bercinho de hospital, sendo carregado apenas nos momentos da amamentação? Gente, eu li uma mãe relatar isso com todo orgulho, ainda dizendo que sua família foi super contra.
Depois me enviaram o link para ler o "Nana nenen", achei interessante a parte da alimentação, a importância da rotina, mas quando comecei a ler a parte de como acostumar o seu filho a dormir sozinho, confesso que fiquei tão triste que senti uma revolta profunda. O livro diz que o bebê que precisa aprender a dormir sozinho deve ficar em seu quarto, no berço... e se chorar para mãe aguardar  alguns minutos, ir vê-lo e depois sair novamente e assim repetir o processo, até que, por cansaço, a criança durma. Imaginem a sensação de abandono, a tortura e coisas ruins que sentem essa criança...
Sigo duas premissas que considero super importantes: Educar exige paciência e dar carinho exige vontade!
Mãe sempre será mãe, boa ou ruim, carinhosa ou fria... sempre será mãe! Seu filho, embora seja seu filho para sempre, só passará pela infância uma vez, assim como pela adolescência, juventude até que chegue à maturidade, mas até que isso aconteça, sabemos que essas fases de transição a gente nunca esquece. Infância e juventude são as fases das descobertas, do encantamento... e seria muito bom ter um amigo de verdade por perto, o ombro amigo, o porto seguro e isso é papel dos pais! Agora eu me pergunto, como se tornar melhor amigo tendo como base uma relação fria? Uma relação entre um filho criado pela babá e educado na creche desde os primeiros meses e os pais que não têm tempo para brincar, conversar, ser amigo, ser pais...
Hoje é muito difícil a mãe permanecer em casa nos dois primeiros anos do filho, por várias questões, principalmente a financeira. Mas isso não a impede de ter "apego" ao seu filho, de acarinhá-lo, fazê-lo dormir contando-lhe uma história e lhe acariciando os cabelos, de carregá-lo no colo, de dizer a ele o quanto é amado e coisas do tipo. 
O mundo está frio, as pessoas estão frias, criminosos cada vez mais jovens, filhos revoltando-se contra pais e a vida do outro que já não vale muita coisa... dá medo sair de casa, dá medo deixar o filho crescer em um mundo como esse... esta sensação de pânico tem feito com que as pessoas repensem seus sistemas educacionais, seus posicionamentos, suas relações, e nesse contexto tem crescido o movido pela "criação com apego" que busca em pesquisas empíricas e bases científicas explicações que demonstram que crianças criadas com carinho, que têm colo, que dormem com os pais, que tem muito contato físico são crianças mais felizes, saudáveis, inteligentes e obedientes.
Deixem seus filhos crescerem naturalmente, cada coisa a seu tempo! Bebes não têm manias, eles têm necessidades. Aproveitem cada etapa de suas vidas, aproveitem a mama da madrugada para contemplar seu filho tão pequeno, tão puro em seus braços.
Dar carinho não é mimar, mas sim, criar um ser humano seguro e feliz!


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Introdução de Sólidos – por Dr. González

Introduzir ou não introduzir outros alimentos antes do seis meses de vida? Bem, isso tem gerado inúmeras discussões nos grupos que participo e o que tenho percebido é que apesar das orientações da Organização Mundial da Saúde de amamentar exclusivamente no peito até os seis meses de vida, ainda há muitas mães com dificuldades em manter o bebê exclusivamente no peito até o 6º mês de vida, isso por inúmeros fatores, sendo o principal, a necessidade de voltar ao mercado de trabalho, obrigando-a a deixar o filho em casa ou em uma creche.
Mas pesquisando sobre a introdução de outros alimentos, encontrei esse texto do Dr. Calos Gonzáles, quem eu admiro muito, espero que gostem.

"Os conflitos entre a mãe o filho durante a amamentação ou uso de mamadeiras podem ser terríveis, mas ainda bem que são pouco frequentes  A introdução de alimentos sólidos é uma oportunidade nova de perigo e devemos trilhar este caminho com cuidado.

Para esclarecer, quando mencionamos “sólidos”, não nos referimos apenas aos alimentos oferecidos ao bebê com uma colher. Usaremos o termo para referir-se a qualquer comida além de leite humano ou leite modificado, mesmo água, chá ou comidas duras como biscoito.


Muitas mães encontram-se sobrecarregadas de informação a respeito de regras, grandes, pequenas e médias envolvendo alimentação de bebes  Elas recebem conselhos de pediatras e enfermeiros  algumas informações muito mais complexas e detalhadas que aquelas dadas pelos especialistas famosos, palpites de família e amigos, bem como as “conversas de comadre” que alertam sobre evitar comidas “reimosas” ou “incompatíveis”.

Incapaz de seguir todas as regras ao mesmo tempo, muitas vezes a mãe opta por rejeitar todas e fazer somente aquilo que ela quer. O risco é de que ela ignore as recomendações realmente importantes. Para evitar tal problema, vou diferenciar claramente entre as opções onde há um grau de consenso em relação à sua importância (baseadas numa combinação de normas internacionais) e aquelas sugestões que parecem úteis, embora outros profissionais possam ter opções diferentes.

Pontos Importantes

Tenha em mente os seguintes pontos, embora eles não devam ser tomados como dogma:

1. Nunca force uma criança a comer.
2. Amamente exclusivamente até 6 meses (sem papinhas, suco, água, chás, etc.).
3. Aos 6 meses, comece (sem forçar) a oferecer outros alimentos, sempre depois da mamada ao seio. Bebes não amamentados devem tomar 500ml de leite artificial por dia.
4. Introduza os alimentos um de cada vez, esperando uma semana entre comidas novas. Comece com quantidades pequenas.
5. Ofereça alimentos que contêm glúten (trigo, aveia, centeio) com precaução.
6. Quando cozinhar para o bebê, escorra bastante o alimento, evitando encher a barriga dele com água.
7. Espere até 12 meses de idade para introduzir alimentos altamente alergênicos (especialmente laticínios, clara de ovo, peixe, soja, amendoim e muitas outras comidas que já causam alergia em membros da família).
8. Não acrescente sal ou açúcar aos alimentos.
9. Continue amamentando por 2 anos ou mais.

Em algumas situações pode-se introduzir sólidos antes de 6 meses (mas nunca antes de 4): quando a mãe trabalha, por exemplo. Ou quando a criança claramente pede para ser alimentada agarrando o alimento e colocando-o na boca sozinha.

“Oferecer” significa que, se ele quiser comer, o bebê come, mas se não quiser, não come. Muitas crianças recusam tudo menos o seio até 8 ou 10 meses, muitas vezes mais.

Alimentos sólidos são oferecidos depois da amamentação, não antes, e certamente não em substituição à amamentação. Somente assim você tem certeza de que seu bebê tomará o leite de que precisa. Acredita-se que entre 6-12 meses, o bebê precise de cerca de 500 ml de leite por dia. Claro que isso é uma média, muitos tomam mais e outros ficam bem com menos. Uma criança que toma mamadeira pode facilmente ficar bem com 2 mamadeiras de 250 ml ao dia. Não é razoável, porém, esperar que um bebê amamentado tome 250 ml a cada 12 horas; os seios da mãe ficariam desconfortavelmente cheios. Faz mais sentido para bebês amamentados tomar 100 ml cinco vezes por dia, ou 70 ml sete vezes por dia. Certamente você não sabe (ou não sabia antes de iniciar os sólidos) quanto leite seu bebê mama; mas se ele é amamentado antes da oferta de sólidos, você fica tranqüila sabendo que ele mama o que precisa.

Que comidas devo oferecer primeiro?
Não importa. Não há base científica que suporte a recomendação de um alimento antes de outro. Se você oferecer frutas primeiro, seguidas por cereal, depois frango, você estará seguindo as orientações da ESPGAN (Sociedade Européia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátricas). Mas se você der frango, depois legumes e cereais por último, também estará dentro das normas.

Digamos que você decida começar com banana amassada. Depois da amamentação, ofereça ao bebê uma ou duas colheres. No primeiro dia é sempre melhor oferecer só um pouquinho, ainda que ele aceite bem. Se ele recusar a primeira colherada, não insista, mas continue oferecendo a cada um ou dois dias. Se ele aceitar bem, você pode aumentar a quantidade a cada dia. Depois de uma semana, você pode tentar outro alimento, como batata doce ou abacate. Na semana seguinte, pode oferecer um pouquinho de arroz. Cozinhe arroz (melhor ainda, cozinhe até virar papa), sem adicionar sal. Você pode adicionar azeite (ficará mais saboroso e terá mais calorias).

Esta ordem é só um exemplo, você pode inverter, se quiser. Claro, se alguma das comidas causar diarréia ou outros sintomas, ou se o bebê rejeita veementemente, é melhor esperar algumas semanas. Se uma reação mais severa é observada, como uma vermelhidão na pele, consulte o pediatra.

Também não é necessário introduzir uma comida nova a cada semana. Variedade significa um pouco de cereais, um pouco de legumes, um pouco de frutas – mas não é vital que o bebê coma muito de cada grupo. Maçãs não possuem nada diferente das peras e a maioria dos adultos vive bem comendo apenas dois tipos de ceral: arroz e trigo, deixando o resto para o gado. Se seu filho já come frango, você não estará acrescentando nada ao oferecer novilha. Antes de 1 ano, a introdução de muitos alimentos diferentes somente significa comprar mais bilhetes para a loteria da alergia.

A razão principal de oferecer outros alimentos ao bebê com 6 meses (e não depois) é que alguns bebês precisam de ferro extra. Portanto, seria lógico que comidas ricas em ferro fossem introduzidas primeiro. Por um lado, há carnes com alto teor de ferro orgânico altamente biodisponível. Por outro, há legumes, leguminosas e cereais que contêm ferro inorgânico, mais difícil de ser absorvido a menos que esteja combinado com vitamina C. É por isso que muitos adultos comem a salada primeiro (rica em vitamina C), depois os grãos e legumes, com a sobremesa por último. O que é comumente feito com bebês na Espanha não é uma idéia muito boa, oferecendo a eles somente grãos numa refeição, legumes na outra e fruta na próxima. Quando seu bebê ingere muitos alimentos, é uma boa idéia combiná-los , oferecendo-os numa mesma refeição (não batendo todos juntos no liqüidificador) ao invés de fazer menus monocromáticos (“hora do cereal”).

E se ele não quer comer comida de bebê?
Não se preocupe, isso é totalmente normal. Não tente forçá-lo. Você talvez tenha sido aconselhada a oferecer sólidos antes do peito, assim ele estará com fome suficiente para comer. Isso não faz o menor sentido, uma vez que o leite materno nutre muito mais que qualquer outro alimento. É por esta razão que usamos o termo “alimentação complementar”. Sólidos não são nada mais que um complemento ao leite materno. Se seu bebê mama e depois rejeita frutas, nada acontece; mas se ele aceita fruta e depois não mama, ele sai perdendo. Mais fruta e menos leite é uma receita para perda de peso.

O mesmo vale para leite artificial. Lembre-se de que se você não está amamentando, você precisa dar ao bebê meio litro de leite diariamente até que ele tenha 1 ano de idade. Não é bom negar o leite para que ele coma mais."

Do livro My Child Won't Eat, Dr. Carlos González.